quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Declínio





Transcendendo a matéria antes que a matéria o transcenda e o devolva ao crepúsculo da eterna inexistência noturna, o céu, com um sorriso opaco que entristece rosto, e o toque perfeito que precede o inevitável gozo, é tomado por um misto de fascínio e tensão, causado pela inesperada aparição da lua, que com seu intrínseco sorriso repleto da mais pura e inocente perversão ilumina a face neblinada celestial
Transmutada numa verdade, se apresenta em carne viva, relembrando ao céu o quanto ela é querida.
O olhar celeste perdido na retina lunar, abraçando por segundos infinitos a melhor parte de si, que já não faz tanta parte assim, o que faz parte do céu repartir e partir, despedindo-se dum sentido consistente entre tantos sentidos vãos.
Assim regressa ao infinito com a ausência como companhia e a nostalgia como condução, torcendo para que um novo eclipse não venha a durar como o verão.
               
         Anubis .














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